domingo, 25 de agosto de 2013

Marco marciano

Nosso vizinho vermelho sempre foi recoberto de muito mistério e vem durante séculos alimentando a imaginação das pessoas.
Uma das grandes fantasias é a existência de vida inteligente em Marte e a expectativa de comunicação interplanetar. Esse é o mote de nossa análise de hoje. Em que o poeta expõe vários destes anseios e fantasias, não antes de se colocar na condição de observador de todos os fatos, produzindo sua loa*. De Marte, ele vê os olhares contemplativos dos terráqueos que tentam, de todas as formas, captar e entender o que se passa e se passou no planeta vermelho, seja construindo radares, primeiro em Gibraltar, e depois elevando as construções exponencialmente, seja enviando satélites de observação ao espaço. Tudo a fim de estabelecermos algum tipo de comunicação e quiçá uma internet interestelar de radar.
Mesmo com tantos recursos despejados na corrida espacial, o máximo que conseguimos foi o envio de algumas sondas. Levando-se em consideração a ideia de que espaçonaves voadoras marcianas nos visitam, podemos chegar a conclusão de que estamos atrasados no quesito "observação" em relação aos nossos vizinhos.
O aspecto da superfície de Marte impressiona e amedronta. A coloração avermelhada levou os romanos a batizarem o planeta com este nome em referência ao deus da guerra de sua mitologia. O helenos o batizaram de Ares, que além de deus da guerra também é o deus da fúria. Já para os babilônicos, Marte era "Nergal", a estrela da morte. Diante disso, seria mais seguro observarmos a partir de Fobos ou Deimos, seus satélites naturais. Fobos propiciaria uma vista especial, já que é o satélite natural mais próximo de um planeta no Sistema Solar, menos de seis mil quilômetros. Pra se ter um parâmetro, a Lua está a 384.405km da Terra. De tão perto, veríamos planaltos, montanhas e penhascos vermelhos, calotas polares, precipícios, cordilheiras e quem sabe até um rosto humano. Mas, certamente, o que mais impressionaria seria o Monte Olimpo, de onde Vulcano tentaria nos pegar.

Acompanhe Lenine e seu Marco Marciano.

O Marco Marciano
Lenine / Bráulio Tavares

Pelos auto-falantes do universo
Vou louvar-vos aqui na minha loa
Um trabalho que fiz noutro planeta
Onde nave flutua e disco voa:
Fiz meu marco no solo marciano
Num deserto vermelho sem garoa

Este marco que eu fiz é fortaleza.
Elevando ao quadrado Gibraltar!
Torreão, levadiça, raio-laser
E um sistema internet de radar:
Não tem sonda nem nave tripulada
Que consiga descer nem decolar.

Construí o meu marco na certeza
Que ninguém, cibernético ou humano.
Poderia romper as minhas guardas
Nem achar qualquer falha no meu plano
Ficam todos em Fobos ou em Deimos
Contemplando o meu marco marciano

O meu marco tem rosto de pessoa
Tem ruínas de ruas e cidades
Tem muralhas, pirâmides e restos
De culturas, demônios, divindades:
A história de Marte soterrada
Pelo efêmero pó das tempestades

Construí o meu marco gigantesco
Num planalto cercado por montanhas
Precipícios gelados e falésias
Projetando no ar formas estranhas
Como os muros Ciclópicos de Tebas
E as fatais cordilheiras da Espanha

Bem na praça central. um monumento
Embeleza meu marco marciano:
Um granito em enigma recortado
Pelos rudes martelos de Vulcano:
Uma esfinge em perfil contra o poente
Guardiã mortal do meu arcano.



Saiba mais sobre Marte, Fobos, Deimos, e Monte Olimpo.
*Saiba o que é loa.
Pergunte ao Wolframalpha sobre Marte clicando AQUI.
Conheça mais sobre o artista, que este que vos escreve muito admira, em seu site: http://www.lenine.com.br/